terça-feira, 10 de maio de 2011

Meant to be



Quando estamos apaixonados cometemos muitos erros. Eu por exemplo já virei mestre no assunto. Comigo é sempre assim: eu olho, meu coração bate mais forte. Então eu passo por um período de negação, tentando esconder o sentimento. Depois que percebo que não é possível, admito que gosto do garoto. Aí entra a fase da aproximação. Passo a conversar mais com ele, tento me aproximar de todas as maneiras, sofro quando ele me ignora e, finalmente, consigo virar amiga dele. Só que o relacionamento nunca passa disso e no final eu sempre saio machucada. Então descobri que não é assim que as coisas funcionam.

Outra coisa que eu errava muito era em idealizar a pessoa perfeita. Nunca fui da linha 'romântica', mas que garota nunca sonhou em ter um príncipe para assistir filmes de comédia romântica juntos só porque você gosta, que te manda flores no dia dos namorados, que te abraça quando você tenta esconder que está mal, que escreve coisas fofas de vez em quando, que te liga só porque estava com saudade de ouvir sua voz... E por aí vai. E que garota nunca criou um padrão e disse: "esse é o meu tipo de garoto"?

O garoto dos meus sonhos, por exemplo, é: moreno, nem muito alto e nem muito baixo, simpático, engraçado na medida certa, fofo sem ser muito meloso, músico (de preferência) e tem que ter pelo menos alguns gostos em comum. Tendo alguns desses aspectos, já está valendo.

Ha alguns meses (quase um ano), eu havia começado a gostar de um menino. Ele se enquadrava em todos os padrões que eu havia estabelecido. Nós tinhamos tanta coisa em comum, que ele brincava que éramos irmãos gêmeos. Irmãos? Eu o enxergava como minha alma gêmea. Nunca acreditei nessas coisas de destino, metade de laranja... Mas eu via nele aquilo que tanto sonhei, e passei a acreditar que ele era perfeito pra mim.

Não era. Eu não fui correspondida e ele gostava de outra. E a cada decepção dessa, eu passava a acreditar menos no amor.

Amor? Só em contos de fadas, onde o príncipe se apaixona pela donzela, eles se casam e vivem felizes para sempre. Na vida real? Eu já havia aceitado o fato de que era impossível ser feliz com alguém. Era melhor ficar sozinha, eu dizia pra mim mesma, melhor pra mim e melhor pros outros.

Mas a vida insistia em me provar o contrário. Eu olhava para os meus dois melhores amigos, que se gostavam, e via amor de verdade entre eles. Eu, que acompanhei tudo desde o início, estava vendo uma verdadeira história de amor, muito melhor que nos filmes. Eles se amavam e, independente das diferenças, das brigas e dos problemas, eram felizes.

E isso não me deixava desistir. No fundo, eu sabia que o amor existia.

Havia um outro menino. Eu o conhecia desde a infância, e nós crescemos juntos. Mas eu nunca tinha dado muita importância para o menino fofinho que de vez em quando falava comigo. De repente começamos a nos aproximar e nos tornamos amigos. Uma amizade sem segundas intenções e sem cobranças. Não precisava ficar perto dele o tempo todo, e ainda assim cada minuto que passávamos juntos era maravilhoso. Eu o via como um irmão e vice-versa.

Então aconteceu. E foi totalmente diferente do que eu imaginava. A amizade foi crescendo e fez surgir a admiração. Daí, bastou um salto para virar um gostar. E o melhor de tudo é que isso veio das duas partes. Não foi uma escolha, nem foi algo imposto ou manipulado. Simplesmente aconteceu. E a amizade, o mais importante, continuou sendo a base de tudo.

O engraçado é que ele não é como eu idealizei. Claro que não é um loiro alto e bombado viciado em esportes radicais, totalmente o oposto de mim. Mas ele é diferente do que eu sonhava. E sabe de uma coisa? Ele é muito melhor do que o garoto dos meus sonhos. Ele é real.

Então aprendi que não existe essa coisa de "meant to be". Nossa vida não é obra de destino. Eu acredito que há um Deus que cuida da minha vida e que sabe exatamente o que é melhor pra mim. Assim como ele uniu meus melhores amigos, ele também estava preparando algo maravilhoso pra mim. E olhando pra trás eu vejo o propósito do que aconteceu com o outro menino. Eu aprendi muito com isso, cresci e amadureci. E hoje estou feliz por não ter dado certo. Quem sou eu para saber qual é o "meu tipo"? Sem essa de acaso, de conscidência. A verdade é que essas coisas são Deuscidência!

E, como diz o ditado popular: Deus escreve o certo por linhas tortas.

(Pepper)

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