domingo, 16 de janeiro de 2011

Let them come in



Mais um ano começava, tudo estava indo bem - na verdade não estava, mas eu gostava de fingir que sim. Eu olhava para a minha vida e não tinha muito do que reclamar. Tudo estava alinhado e em completa harmonia, como havia sonhado há tempos. Mas ainda assim eu sabia que havia um vão em algum lugar de mim.

Depois de tantos problemas e decepções eu estava destruída por dentro. Meu coração batia meio inseguro, com medo de se machucar novamente. Ele não estava pronto para mais um baque. Talvez nunca estaria. Por isso eu havia decidido não me apaixonar por mais ninguém - como sempre prometia a mim mesma, mas nunca conseguia cumprir.

Eu sabia que falharia mais uma vez nessa promessa. Eu sentia falta das borboletas.

Sentia falta daqueles calafrios, de quando perdemos o foco e começamos a sonhar durante as aulas de geografia. Eu era fraca, sempre cedia. Talvez realmente não houvesse mais esperanças, mas eu não conseguia deixar de sentir meus joelhos falharem toda vez que ele passava. Eu ainda perdia o fôlego toda vez que ele me abraçava. Ainda me intoxicava com o veneno do seu perfume.

Idiota. Idiota. Idiota.

E, pra piorar, ainda veio aquela viagem. Passei uma semana inteira ao lado dele, dividindo os mesmos ambientes, compartilhando o mesmo oxigênio. Eu acordava de manhã e assim que saía do quarto dava de cara com ele, de samba-canção, com seu sorriso caloroso. O dia parecia ganhar uma nova tonalidade de cores, eu me sentia mais viva. Depois passávamos o dia inteiro juntos, nadando na represa, jogando futebol, tocando violão ou simplesmente curtindo a natureza em silêncio. Ou melhor, ele curtindo a natureza e eu curtindo a presença dele.

Mas eu sabia que precisava esquecê-lo.

Como costumam dizer, a única maneira de esquecer um amor é substituindo-o por outro. E eu tenho aprendido isso da pior forma.

Bastou um olhar, um toque e um sorriso, e meu coração arriscou uma batida torta. Senti aquele velho bater de asas no meu estômago. Mau sinal - eu estava amando novamente.

Aquilo era tão errado! Por quê meu coração insistia em bater pelas pessoas erradas? Será que ele não podia ficar quieto pelo menos até as coisas se acalmarem? Acho que não, ele era teimoso igual a dona. Eu olhava para o primeiro e só conseguia sentir mágoa pelo que não aconteceu. Eu me sentia fria e sem vida, como se meu sangue inteiro congelasse. Então eu olhava para o outro e desenterrava sentimentos escondidos há tanto tempo: a esperança de algo que um dia poderia acontecer. E essa chama derretia a camada de gelo que havia envolvido meu coração.

Era tarde demais para voltar atrás? Será que eu deveria seguir em frente com essa idéia maluca? Acho que tudo vale a pena quando os olhos brilham. Melhor conviver com uma liçãozinha de vida do que carregar o peso por ter hesitado agora.

Por quê não abrir essa janela suja e deixar que as borboletas venham até você? Abra os braços, pois só você pode deixá-las entrar.

(Pepper)

Um comentário:

  1. lindooooooo, vcs arrasam, me apaixonei pelo blog (aprendi a por meu nome nisso HUAUHA)

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