sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

That's all I need 2




Confusão. Era a única coisa que eu sabia identificar em minha mente. Tudo estava mudando rápido demais e eu não conseguia acompanhar o ritmo. As coisas nunca acontecem como a gente espera. São imprevisíveis. Ele era imprevisível.

Não tive nenhuma reação. Muitas perguntas passavam pela minha cabeça, mas eu apenas permanecia calada, olhando em seus olhos. Ele parecia divertir-se com a situação. De repente resolveu se levantar, me puxando pela mão para uma varanda ao ar livre.

O sol já havia se posto há algum tempo, e o céu estava cheio de estrelas. Uma brisa suave balançava meu cabelo, fazendo com que alguns fios caíssem em meus olhos. Ele tirou uma mecha do meu rosto, colocando-a atrás da orelha. Meu coração se acelerou com esse simples toque. Eu precisava admitir para mim mesma que estava terrivelmente apaixonada por ele.

- Eu já sabia há muito tempo... - Ele começou, como se lesse meus pensamentos, enquanto acariciava minha bochecha com seu polegar.
- Como você descobriu? - Falei, nervosa. Eu sempre tentava ser o mais discreta possível e escondia esse sentimento de todos, inclusive de mim.
- A gente vê o quanto uma pessoa gosta da outra pelo brilho do olhar dela. Quando você olha pra qualquer outra pessoa, seus olhos brilham como aquela estrela - e apontou para uma estrela qualquer, sem nem ao menos olhar. Então ele olhou bem no fundo dos meus olhos e abriu o sorriso mais lindo que se pode imaginar. - Mas quando é pra mim... eu diria que - e apontou para a estrela mais brilhante do céu - até aquela estrela fica envergonhada.

Suspirei, tentando absorver as informações. Minha mente racional e meu coração ferido não deixavam eu me entregar ao momento. Autossabotagem. Eu precisava encontrar o problema, nenhuma alegria vem tão fácil assim.

- Por que eu? - Eu perguntei. Seus olhos me encaravam cobertos de confusão - Quero dizer, você poderia ter qualquer garota que...
- Shh - Ele me calou pondo um dedo sobre meus lábios - Se eu poderia ter qualquer uma, como você diz, então qual o problema de querer a melhor?

Eu corei, fazendo-o sorrir. Eu não me achava digna de tudo isso, muito menos a melhor! Desviei meu olhar do dele, e passei a observar o céu. As estrelas estavam tão longe que meu coração chegava a doer. Ou era por isso que eu achava que ele doía. Na verdade a felicidade é que sempre parecia tão longe de mim. Alegria, por incrível que pareça, me dava medo. Muito medo.

Medo do futuro, medo do que vinha a seguir. Medo de alguma tempestade avassaladora me atingir e eu perder as pequenas coisas que me fazem feliz. Toda vez que a alegria vem, algo muito ruim acontece.

- Tenho medo de te perder - sussurrei.

Já estava esperando uma resposta pronta. Clichês. Palavras usadas em situações iguais para descrever sentimentos idênticos. Eu também tinha medo de palavras vazias.

Mas ele me surpreendeu novamente. Passou seus braços em torno de mim e me envolveu num abraço, dispensando qualquer diálogo. Encostei minha cabeça em seu ombro, me intoxicando com seu perfume. Eu não ia deixar que o medo me impedisse de viver. Quem ama se entrega, sabendo que corre riscos. Mas é a partir daí que entra a confiança. E eu decidi que queria confiar nele. Por ele valia a pena.
Suas mãos viraram meu rosto em direção ao dele, e seus olhos me encaravam intensamente, como se quisessem transparecer a alma. Então ele cantou baixinho em meu ouvido:

"We are the lovers
If you don't believe me
Just look into my eyes,
because the heart never lies."

(Pepper)

Um comentário:

  1. Não deixe de sonhar. Sonhos são a única forma de nos aquecer nesse mundo frio. TE AMO PEPPER

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